Aproveitando a vinda da banda Hard Gamble à Valença/RJ para se apresentarem no bar Bat e Papo na próxima sexta feira (20 de Julho), fiz uma breve entrevista com Felipe Mesquita, guitarrista juiz forano com coração valenciano e que integra a banda.
A Hard Gamble que já apresentou sua música em eventos como o Motorock Leopoldina; também já subiu aos palcos do Festival de Bandas Novas em JF, do Ibitipoca Rock In Hill e do Blues Fest, um festival de blues que ocorre anualmente em Juiz de Fora/MG. Já teve a grata oportunidade de tocar com Celso Blues Boy no disputadíssimo palco do bar Cultural em JF, já apresentou um Tributo a Eric Clapton e tudo isto só para citar algumas de suas apresentações, desta vez a Hard Gamble aporta em terras valencianas.
Desde 2009 a Hard Gamble passou a ter mais um integrante em seu arsenal de músicos, o rodado Christian Marini, percursionista que integrou duas bandas que marcaram época em Juiz de Fora: Hot Shot e Lambari Deitou na Ponte e Não Deixou Ninguém Passar.
Nesta breve entrevista, Felipe Mesquita fala sobre a apresentação da Hard Gamble em Valença/RJ, sobre sua trajetória na banda, sobre a difícil tarefa de ser bem sucedido vivendo de música, o que originou o nome da banda “Aposta Difícil” e sobre música, claro. Aproveite para conhecer mais um músico que viveu em terras valencianas e que leva o nome da cidade por onde quer que faça soar sua guitarra.
01 – Como surgiu seu interesse por música e qual sua formação musical?
Felipe Mesquita – Desde bem pequeno que tenho um interesse especial pela música. No entanto só comecei a aprender um instrumento musical com aproximadamente 10 anos de idade, tendo feito 02 anos de piano/teclado com a professora Lídia Boaretto e 01 ano com o professor Caíque em Valença/RJ. Após essa época despertei uma atenção pelo violão e em especial, pela guitarra, quando comecei a ter aulas com o Pinheiro. Foram então 02 anos estudando nessa escola em Valença/RJ e depois já em Juiz de Fora/MG também tive aulas com ele online, através do Skype. Também tive 01 ano de guitarra na escola Pró-Música aqui em Juiz de Fora/MG mesmo.
02 – A Hard Gamble foi sua primeira banda ou já participou de outros projetos musicais?
FM – Já havia participado de outros projetos musicais antes da “Hard Gamble”, mas que não duraram muito tempo, infelizmente. A banda “The Shakers” foi minha primeira experiência tocando com uma banda, sendo seguida pela “Distrito Civil” e posteriormente a “Hard Gamble”. Todas oriundas de Juiz de Fora.
03 – A HG vem com que formação? É a primeira vez em Valença? Quais são as expectativas para a apresentação da HG em Valença/RJ?
FM – A HG vem com Hugo Schettino e Felipe Mesquita nas guitarras, Henrique Schettino na bateria, Gerônimo Borges no contrabaixo, Lucas Netto nos vocais e violão (sendo essa a formação original) e Christian Marini na percussão (nosso maior abandonado, adotado em 2009). É a primeira vez da banda em Valença. A galera da cidade pode esperar uma energia contagiante vindo da HG com clássicos do blues e do rock n’ roll como Led Zeppelin, Deep Purple, Eric Clapton, The Doors, The Beatles, Rolling Stones, Barão Vermelho, Ira, dentre outros.
04 – Você embora natural de Juiz de Fora/MG, morou em Valença/RJ durante 15 anos de sua vida. Você acha que ainda se faz necessário um músico mudar de cidade para que tenha seu trabalho reconhecido?
FM – Acho que nos dias atuais e, muito provavelmente daqui pra frente, a necessidade do músico em mudar de cidade para ter seu trabalho reconhecido será cada vez mais reduzida, devido à popularização dos meios de divulgação em massa como a internet. Hoje em dia qualquer um pode gravar seu trabalho com uma quantidade de recursos infinitas e assim fazê-lo “disseminar” desde às redes sociais até espaços dedicados ao gênero musical. No entanto, acredito que seja ainda de grande valia a exposição do trabalho em grandes centros, almejando um maior público alvo e angariar recursos para o desenvolvimento do projeto.
05 – Sabemos que todo grupo que está começando tem suas dificuldades. Creio não ter sido diferente para a HG. O que você acha que melhorou no cenário musical para quem está começando agora?
FM – Eu acho que a grande melhoria no cenário musical foi a facilidade de divulgação do trabalho autoral/cover, assim como a disponibilidade de aulas e cursos online, tornando possível a disseminação do conhecimento musical, tendo em vista todos os estilos possíveis.
06 – Qual sua visão sobre a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas? Isto tem funcionado na cidade de Juiz de Fora?
FM – Para ser sincero, não tenho o conhecimento exato da funcionalidade da medida na minha cidade, por não ter lido nada a respeito nos jornais locais. Ainda assim, acho muito interessante a idéia de se ter nas escolas, de maneira geral, uma fonte extra de conhecimento musical. Várias pesquisas no mundo científico já apontaram os benefícios da música e do estudo de um instrumento musical sobre o desenvolvimento cognitivo de uma pessoa. Como exemplo podemos citar uma maior capacidade de concentração, desenvolvimento das habilidades motoras, aumento na velocidade de raciocínio, dentre outras.
07 – Você acha importante a formação acadêmica na área musical? Por quê?
FM – A formação acadêmica é de extrema importância em qualquer área na qual uma pessoa pretende se especializar, e não é diferente na música. No entanto, acho que o ensino musical não deve se limitar à uma formação acadêmica, e sim deve ser encorajado também como uma forma de lazer, um “hobby”, tendo em vista os diversos benefícios que proporciona.
08 – O que você considera necessário para que se tenha êxito na vida musical?
FM – Persistência. Para falar a verdade, eu considero essa uma das palavras-chave em qualquer situação, em qualquer carreira, em qualquer atividade. Até mesmo as pessoas que não nasceram com um “dom” evidente ou que não tem facilidade para pegar “o jeito da coisa”, conseguem ter sucesso se mantiverem essa atitude. Aliado a isso é muito importante também a “vontade” de tornar real o que deseja.
09 – Você participou de festivais em JF como o “Bandas Novas” e o “Blues Fest”. Eventos dentro da própria cidade. O setor privado com casas noturnas e bares, o setor público com secretaria de cultura e orgãos como OMB e ECAD. O mercado é favorável às bandas locais em JF? Como a HG vê o mercado musical em JF?
FM – Nós da HG acreditamos que como em qualquer lugar as bandas locais de menor impacto em Juiz de Fora tem uma certa dificuldade em buscar seu espaço na cena tanto pública quanto privada na cidade. Isso também depende muito do estilo musical a que o grupo se propõe. Estilos em alta na mídia, por conseguinte, tem uma menor dificuldade de se destacar. Por outro lado, felizmente, tenho assistido a um maior “esforço” das casas noturnas de Juiz de Fora em promover bandas locais, não deixando de lado a qualidade requerida para um bom espetáculo.
10 – Como funciona a parte organizacional da HG? Sabemos que você cursa medicina, outros da banda cursam engenharia. Isso não choca agenda? Como a HG lida com isso?
FM – Esse realmente tem sido nosso maior desafio (risos). Nós organizamos nossas agendas da melhor maneira possível, sempre respeitando as possibilidades e limitações de cada um. Quando não é possível a participação de todos da banda, nós optamos por convidar outros músicos ou tentamos preencher o espaço deixado pelo instrumento em falta. Em suma: nós damos os nossos pulos!
11 – Como foi dividir o palco com Celso Blues Boy? Que lição se tira de uma oportunidade dessas?
FM – Foi uma das maiores experiências da minha (e acredito que das nossas) vida. É muito gratificante você ter seu trabalho reconhecido por um grande ídolo como Celso Blues Boy, que tem servido como influência desde o início da banda. Qual a lição que se tira? Trabalhe duro, mostre competência, seriedade e vontade pelo que faz, respeite não só o seu projeto como também o dos outros que você será reconhecido.
12 – Numa retrospectiva dos momentos musicais que viveu. Lembrando de bandas, músicos, shows, lugares… Que momento foi marcante? E o que não faria de novo?
FM – Dentre tantos momentos importantes para nossa banda, eu acredito que um dos mais marcantes foi ter o Celso Blues Boy tocando ao nosso lado a música “Sweet Home Alabama” do Lynyrd Skynyrd. Foi a síntese de reconhecimento de um trabalho que vem sendo bem feito durante 06 anos da existência da HG. Não me lembro de nada que não faríamos de novo, todos os momentos pelos quais passamos serviram de experiência.
13 – A HG tem trabalhos autorais, mas também têm em suas apresentações trabalhos de outros artistas. A HG foi criada com o intuito de fazer músicas próprias, ou as músicas surgiram naturalmente no decorrer dos anos? Quem escreve as músicas?
FM – A HG foi criada no intuito de tocar músicas cover. Os trabalhos próprios foram surgindo naturalmente com a evolução da banda. Geralmente sou eu quem escreve as músicas, no entanto não as vejo prontas e definitivas sem os toques “maestrais” dos meus amigos da Hard Gamble. Sempre foi um grande prazer criar e trabalhar ao lado deles.
14 – O que você pode dizer para a galera da música de Valença/RJ? Uns ainda aprendendo a tocar, outros já com bandas formadas e correndo estrada, mas todos buscando um lugar ao sol.
FM – Independentemente do que vocês queiram para suas vidas, não desistam. Dêem o máximo de vocês, aproveitem as oportunidades, se especializem, corram atrás ou apenas aproveitem o prazer e as delícias da música. Permitam que as canções invadam cada um de vocês e que te guiem para o melhor.
15 – Por fim, o que o público pode esperar da HG? Quais os projetos que estão em andamento?
FM – O público sempre pode esperar da Hard Gamble um show cheio de vontade e dedicação, tentando reproduzir os grandes clássicos, sempre com uma pitada de inovação, bom gosto ou bom humor (risos) por parte dos integrantes. No momento não temos nenhum projeto específico em mente, mas adianto que muitas músicas próprias ainda serão gravadas e que o público pode esperar coisas novas daqui pra frente!!!
Gostaria também de agradecer a oportunidade de divulgação do trabalho e agradecer desde já a todos que nos influenciaram a fazer e a continuar esse trabalho que já dura 05 anos e 06 meses.
Contato: http://www.hardgamble.com/
Vídeos:
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