INTRODUÇÃO AUTISMO
Podemos dizer que a linguagem oral é uma das formas de comunicação mais importante do ser humano. A ausência da mesma traz conseqüências negativas à comunicação e à interação social. A ausência ou supressão da fala torna a vida mais dura e cheia de obstáculos.
Aliada a supressão da fala, a incapacidade, inabilidades sensóriomotoras, comprometimento cognitivo, distúrbios psicológicos e emocionais serão, para esses indivíduos, maiores dificuldades em comunicar-se, necessitando então de formas alternativas ou complementares para tal.
DEFINIÇÃO E CONCEITUAÇÃO
Podemos dizer que os transtornos do espectro autista são considerados, na atualidade, como um conjunto heterogêneo de síndromes clínicas, tendo em comum a os comprometimentos da interação social recíproca, comunicação verbal e não verbal e comportamentos repetitivos e estereotipados, variando desde as formas mais graves até as mais atenuadas. (OLIVEIRA e NUNES, 2005)
Segundo Oliveira e Nunes (2005), “apresenta uma prevalência, considerando todo o espectro, de 3/1000, o autismo clássico, 1/1000, a síndrome de asperger, 0,25/1000 e as formas atípicas, 1,5/1000. Na população mundial a prevalência é de 0,5%. A prevalência em indivíduos do sexo masculino e feminino ocorre na razão de 4:1”.
TIPOS OU NÍVEIS DE AUTISMO
TRANSTORNO AUTISTA: Constitui o autismo clássico e pode cursar com diversos graus de acometimento de cognição e linguagem, variando desde o retardo mental e lingüístico severo até os níveis de desenvolvimento normal dessas competências (PONTES, 2014).
SÍNDROME DE ASPERGER (Autismo de alto funcionamento): A tendência atual é o desaparecimento desta denominação, já que é indistinguível do autismo com cognição e linguagem normais (PONTES, 2014).
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA INESPECÍFICO (Autismo atípico): São indivíduos com formas clínicas intermediárias, que não possuem todas as características clínicas do autismo, apenas parte delas (PONTES, 2014).
TRANSTORNO NO RECONHECIMENTO SOCIAL
Segundo Pontes (2014), podemos dizer que a forma mais grave seria a do isolamento e a indiferença às pessoas. Por outro lado a forma mais atenuada pode ser vista naqueles que não procuram espontaneamente o contato social, mas aceitam ser procurados sem oferecer resistência. Neste nível as pessoas procuram o contato social de forma inadequada e unilateral. Pode ser apontada uma pobreza na capacidade de aprender as regras mais sutis da interação social, tanto quanto uma falta de percepção em relação aos outros.
ALTERAÇÕES NA COMUNICAÇÃO SOCIAL
É ainda Pontes (2014) que diz haver uma total ausência ou interesse de qualquer intenção de se comunicar com os outros. Existem formas de expressão de necessidades sem outra forma de comunicação que não seja a gestual. Os indivíduos com fala podem fazer comentários ocasionais e que não fazem parte de uma troca social e que são irrelevantes dentro do contexto. Algumas crianças de mais idade podem falar bastante, mas não se envolvem numa verdadeira conversação recíproca.
DEFICIÊNCIA DA IMAGINAÇÃO E COMPREENSÃO SOCIAL
Existe uma ausência de imitação e brincadeiras de faz-de-conta nos autistas, podendo até ocorrer imitação mecânica sem compreensão do significado. Às vezes poderá ocorrer de haver uma representação repetitiva e estereotipada de um papel, como um personagem de TV, um animal ou objeto inanimado, sem variações ou empatia. Algumas pessoas mais velhas com leves distúrbios podem ter uma noção que algo ocorre na mente dos outros, mas sem que com isso possam especular o que seja (PONTES, 2014).
SINAIS DE ALERTA PARA O ESPECTRO AUTISTA SOCIALIZAÇÃO
Alguns sinais de alertas, observando-se a interação social, para que se possa pensar em espectro autista são: a criança não sorri socialmente; prefere brincar sozinho; ele mesmo pega o que deseja; é muito independente; faz determinadas coisas precocemente; faz pouco contato com o olhar; vive em seu próprio mundo; ele ignora as pessoas ao seu redor e não tem interesse em outras crianças (PONTES, 2014)..
SINAIS DE ALERTA PARA O ESPECTRO AUTISTA COMUNICAÇÃO
Podem ser perceptíveis alguns sinais ao se observar a comunicação, sendo que as crianças com autismo: não responde ao próprio nome; não consegue dizer o que quer; possuí atraso na linguagem; não atende ordens; aparenta ser surdo algumas vezes; não aponta, nem acena tchau; falava poucas palavras e agora não fala mais; crises de raiva constantes; é hiperativo, opositivo e não coopera; não sabe como brincar com brinquedos; anda na ponta dos pés; possui o hábito de se interessar demasiadamente por determinados objetos; apresenta gosto em enfileirar objetos; é muito sensível a determinadas texturas ou sons e; faz movimentos estranhos, estereotipados (PONTES, 2014).
TRATAMENTO
Não existe, na atualidade, tratamento médico específico para o autismo (PONTES, 2014). Os medicamentos que são utilizados, servem apenas para as complicações neuropsiquiátricas e para epilepsia. O tratamento mais eficaz consiste em reabilitação global, incluindo fonoaudiologia especializada em linguagem, psicologia comportamental, terapia ocupacional, e métodos psicoeducacionais e comportamentais tais como imagens facilitadoras no processo ensino-aprendizagem, pois permitem aos pacientes, com maior comprometimento, demonstrarem mais atenção na elaboração de atividades escolares.
A introdução dos símbolos incita a ampliação do vocabulário, devido a ser-lhes solicitados que a nomeiem a partir de perguntas verbais apoiadas nos recursos simbólicos (PONTES, 2014). Além disso, a inclusão em programa pedagógico de educação especial, em escola regular, tem o benefício de socializar os indivíduos autistas.
DIREITOS ADQUIRIDOS PELOS AUTISTAS
A Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012 instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. A inclusão oficial do transtorno do espectro autista no âmbito das deficiências traz um impacto fundamental para este grupo e suas famílias, garantindo-lhes todos os direitos na atenção à saúde, por exemplo, pois até o momento não eram incluídos como público alvo da reabilitação, nas garantias dos benefícios sociais e do trabalho. Há também a inclusão de sua representatividade no âmbito dos conselhos de direitos.
MÉTODO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO DE TRABALHO COM A DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM EM AUTISTAS
Comunicação Facilitada:
A Comunicação Facilitada foi um meio facilitador da comunicação desenvolvido em Melbourne, Austrália, inicialmente para pessoas portadoras de paralisia cerebral, e mais tarde adotado também para pessoas com autismo.
Podemos resumi-la ao uso de um teclado de máquina de escrever ou computador, no qual uma pessoa que tem autismo transmite seus pensamentos com a ajuda do facilitador, que lhe oferece o necessário suporte físico. (MELLO, 2007, p. 44)
O computador:
O uso do computador como apoio a crianças portadoras de autismo é relativamente recente em comparação às outras intervenções citadas. Existem poucas informações disponíveis, mesmo na internet, sobre a utilização do computador como apoio ao desenvolvimento destas crianças.
Algumas crianças ignoram o computador, enquanto outras se fixam em determinadas imagens ou sons, sendo muitas vezes difícil decifrar o que tanto as atrai. A AMA de São Paulo desenvolveu uma técnica que teve resultados muito interessantes. Consiste na utilização do computador como apoio ao aprendizado da escrita em crianças que já haviam adquirido a leitura e, por dificuldades na coordenação motora fina ou por desinteresse, não conseguiam adquirir a escrita através dos métodos tradicionais de ensino.
A sistemática, muito simples, apresentou resultados positivos comprovados em pelo menos três crianças que apresentavam uma resistência muito grande ao aprendizado da escrita, e com as quais haviam sido tentadas diversas técnicas de ensino, sem sucesso durante pelo menos um ano. Inicia-se com traços simples e sessões muito curtas, com apoio sempre que necessário. O trabalho vai evoluindo em tempo e complexidade à medida em que a criança vai conseguindo movimentar o mouse da forma esperada e sem apoio. Depois de algum tempo é introduzido o quadro negro, e depois o lápis e papel. É muito importante limitar o espaço disponível para desenho ou escrita. No início esse espaço é maior, e vai diminuindo à medida em que a criança vai desenvolvendo a habilidade. (MELLO, 2007, p. 45)
- Integração Auditiva
A Integração Auditiva foi desenvolvida inicialmente nos anos sessenta pelo otorrinolaringologista francês Guy Berard. A idéia inicial é que algumas das características do autismo seriam resultado de uma disfunção sensorial e poderiam envolver uma sensibilidade anormal a determinadas freqüências de som. Na AIT a criança ou adulto ouve música através de fones de ouvido, com algumas freqüências de som eliminadas através de filtros, durante dois períodos de meia hora por noite, durante dez dias. (MELLO, 2007, p. 46)
- Integração Sensorial
A Integração Sensorial pode ser considerada como uma intervenção semelhante à Integração Auditiva, mas com atuação em outra área. Nos Estados Unidos é muito aplicada por terapeutas ocupacionais e por fonoaudiólogos, embora outros terapeutas também a apliquem.
Muito resumidamente, é uma técnica que visa integrar as informações que chegam ao corpo da criança, através de brincadeiras que envolvem movimentos, equilíbrio e sensações táteis – são utilizados toques, massagens, vibradores e alguns equipamentos como balanços, gangorras, trampolins, escorregadores, túneis, cadeiras que giram, bolas terapêuticas grandes, brinquedos, argila e outros. O terapeuta trabalha no sentido de ensinar à criança, através de brincadeiras, a compreender e organizar as sensações. (MELLO, 2007, p. 47)
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
MEC. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem: autismo – 2. ed. rev. – Brasília: SEESP, 2003.
MELLO, Ana Maria S. Ros de, Autismo: guia prático. 7ª ed. São Paulo: AMA; Brasília: CORDE, 2007.
OLIVEIRA, Margareth Maria Neves e NUNES, Leila Regina d’ Oliveira da Paula. Efeitos da Comunicação Alternativa em Alunos com Deficiência Múltipla em Ambiente Escolar. Disponível em: latecauerj -FAETEC, 2005. Acesso em: 01.jun.2014.
PONTES, Adailton Tadeu Alves. Transtorno do Espectro Autista. Disponível em: http://www.lncc.br/~alm/neupsico12/adailton.pdf. Instituto Fernandes Figueira – Fundação Oswaldo Cruz. Acesso em: 01.jun.2014.
Autor:
Dr. Charles José da Silva – Psicólogo Clínico e Psicanalista – CRP: 05/47.134
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