I. Introdução
Este trabalho visa estabelecer uma relação entre o infarto agudo do miocárdio e a depressão como um dos fatores de risco e impedimentos de engajamento do paciente no tratamento pós-infarto, em linhas gerais, o que é o infarto agudo do miocárdio, bem como suas causas, fatores de risco, sintomas, e tratamento. Foi adotado neste trabalho um viés psicológico no estudo do infarto, baseado em artigo científico que trata da correlação entre infarto e depressão, que retrata a última (depressão) como um dos fatores de risco para o acidente cardíaco.
II. O QUE É O INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO?
É uma doença fatal, caso não haja um pronto atendimento, devido à falta de suprimento sanguíneo para o coração.
Isso se dá quando algumas das artérias de alimentação sanguínea do coração estão entupidas, impedindo o bombeamento de sangue para todo o corpo.
III. COMO OCORRE O INFARTO?
O entupimento de uma artéria do coração é a principal causa. Isso ocorre devido a uma obstrução por uma placa de gordura, células ou colágeno. “Após uma oclusão coronária aguda, o fluxo sanguíneo cessa, nos vasos coronários distitais além da oclusão, exceto por pequenas quantidades de fluxo colateral dos vasos circunjacentes. A área do músculo com fluxo nulo ou tão pequeno que não pode sustentar a função muscular cardíaca é dita estar infartada.”¹
O processo total é denominado infarto do miocárdio.
IV. MAIORES INCIDÊNCIAS EM HOMENS?
Homens possuem muito mais chances de terem um infarto, devido a fatores endógenos (causas internas) e exógenos (causas externas), porém o número de casos de infartos agudos do miocárdio vem aumentando entre as mulheres nos últimos anos, pelo fato de uso de pílulas anticoncepcionais e tabagismo.
V. FATORES DE RISCO PARA 1ª OCORRÊNCIA DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
Tem sido apontado como principais fatores de risco para o Infarto Agudo do Miocárdio os seguintes fatores: tabagismo, obesidade, altos níveis de colesterol no sangue, histórico familiar de infarto agudo do miocárdio, sedentarismo e alimentação irregular, entre diversos outros que ainda estão sendo pesquisados.
Entre estas pesquisas, algumas apontam para a depressão como um novo fator, seja direto ou indiretamente atuante. Segundo o artigo “Depressão e infarto agudo do miocárdio”², da Revista de Psiquiatria Clínica, de autoria de Tânia Correa de Toledo Ferraz Alves; Renério Fráguas; Mauricio Wajngarten:
“Vários estudos têm identificado que a depressão se comporta como um fator de risco tanto para o surgimento da doença coronariana como para uma maior morbidade e mortalidade cardiovascular naqueles já portadores de doença cardíaca. A presença de sintomas de ansiedade e /ou depressão após um IAM (Infarto agudo do miocárdio) está associada a maior reincidência de IAM, morte por doença cardíaca, internação prolongada e prejuízo funcional pós-infarto”².
“Pacientes com depressão apresentam maior dificuldade para realização de dietas, percepção distorcida quanto seu estado físico, baixa aderência ao tratamento e dificuldade de seguir orientações médicas. Na mesma direção, pacientes com depressão têm dificuldade de mudanças de hábitos e estilo de vida, como realização de atividades físicas e suspensão de tabagismo”².
Fonte do Gráfico².
VI. PRINCIPAIS SINTOMAS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
Dor muito forte no meio do tórax, atrás do osso central da caixa torácica, o esterno. Esta dor é em aperto, podendo ser também uma queimação. Ainda se incluem nestes sintomas: dor forte no pescoço e região esquerda da mandíbula, dormência e sensação de formigamento no braço esquerdo, palpitação, taquicardia e escurecimento da visão.
VII. TRATAMENTO
Deve-se desentupir a artéria acometida com o uso de substâncias que diluem mais o sangue (trobolíticos). Se o infarto for por estreitamento do vaso (contração da musculatura do vaso), pode-se então dilatá-lo, com o uso de vasodilatadores coronarianos (nitratos).
A respeito do tratamento cirúrgico, os procedimentos mais conhecidos são a revascularização (ponte de safena), onde se coloca um vaso que possa alimentar o coração no lugar do vaso entupido. Também há o procedimento de colocação de um “Stent” na área afetada pelo entupimento. Este stent é um tubo minúsculo, expansível e em forma de malha, feito de um metal como o aço inoxidável ou uma liga de cobalto. Os stents são usados para devolver um ritmo próximo ao normal ao fluxo sanguíneo da artéria coronariana.
A longo prazo, deve-se prevenir novos episódios com o uso de medicamentos que diluem mais o sangue, evitando a formação de “rolhas nas artérias”. Pode-se também utilizar fármacos que diminuem os níveis sanguíneosde colesterol e triglicerídeos.
VIII. PREVENÇÃO A OCORRÊNCIAS DE INFARTO
O fator de maior relevância para a prevenção do infarto agudo do miocárdio é a mudança do estilo de vida. Deve-se extinguir o tabagismo, combater a obesidade e os níveis elevados de colesterol, praticar constantemente exercícios aeróbicos, reduzir o nível de estresse diário, entre outros. Periodicamente deve-se realizar uma avaliação cardiológica.
IX. DEPRESSÃO E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: UMA RELAÇÃO DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA OU FENÔMENOS INDEPENDENTES?²”
O presente resumo foi retirado da Revista de Psiquiatria Clínica, de autoria de Tânia Correa de Toledo Ferraz Alves; Renério Fráguas; Mauricio Wajngarten¹.
A associação entre transtorno depressivo maior e doenças cardiovasculares, em particular infarto agudo do miocárdio, é frequente, levando a pior prognóstico, tanto da depressão como da doença cardiovascular, com maiores taxas de reinfarto e maior morbidade e mortalidade. Os autores discutem as evidências na literatura que demonstram essa associação entre infarto agudo do miocárdio e quadros depressivos, com enfoque nos avanços em fisiopatologia e terapêutica psiquiátrica. Vários estudos têm mostrado que o tratamento da depressão associada a quadros cardíacos é eficaz, melhora a qualidade de vida e pode ser feito com segurança. Embora o tratamento da depressão tenha sido associado à melhora de alguns parâmetros cardiovasculares, ainda não existem, entretanto, evidências de associação entre tratamento da depressão e melhora da morbidade e mortalidade cardiovascular.
A fisiopatologia dos transtornos de humor em pacientes com doença cardiovascular é multifatorial, determinada pela associação de fatores genéticos, sociais e psicológicos. A associação entre depressão e comprometimento do sistema cardiovascular pode ocorrer em três direções. A depressão pode ser desencadeada pelo estresse psicológico de um evento cardíaco, a depressão pode direta ou indiretamente acarretar um impacto cardiovascular negativo ou uma predisposição genética comum pode aumentar o risco para a ocorrência de ambas.
A figura 1 apresenta os principais fatores associados às particularidades da depressão no IAM.
Depressão como fator de risco para a doença coronariana e o infarto agudo do miocárdio.
Em um estudo retrospectivo, a presença de depressão clínica em pacientes com infarto cardíaco de origem não coronariana se associou a um risco 25% maior para reinternações e três vezes maior para óbito. De acordo com o Cardiovascular Health Study, a elevada prevalência de sintomas depressivos foi um fator de risco independente para aumento de mortalidade, doença clínica e subclínica e um fator preditivo de eventos cardíacos em até cinco anos após IAM. Além dos quadros depressivos maiores, a presença de quadros subsindrômicospós-IAM também aumenta o risco de eventos cardíacos graves.
X. Considerações Finais
Por ser uma das maiores causa de morte da atualidade, se faz imprescindível o esclarecimento da população a respeito dos fatores de risco e do estilo de vida que influenciam de forma muito intensa uma ocorrência de infarto agudo do miocárdio.
Para os profissionais de psicologia, é importante frisar a depressão como um fator de infarto ou como complicador no tratamento do mesmo, face ao não engajamento do paciente, vítima de depressão, em um novo estilo de vida.
Combater a depressão pode ser um dos meios de prevenção de infarto agudo do miocárdio, por propiciar ao sujeito uma qualidade de vida que dá a ele equilíbrio emocional para raciocinar melhor sobre todos os aspectos de sua saúde, tanto física quanto mental e emocional.
Apenas um tratamento em conjunto, psicólogo, psiquiatra, cardiologista, nutricionista e educador físico, pode dar ao paciente que sofreu um primeiro infarto, possibilidades de adotar novo estilo de vida mais saudável, que impeça um re-infarto.
XI. Referências
⦁ Revista de psiquiatria clínica, vol.36 supl.3 São Paulo 2009;
⦁ http://www.hub.unb.br/assistencia/informacoes/infarto.htm
(16/05/2010 às 18 horas);
⦁ http://www.bancodesaude.com.br/infarto-miocardio/infarto-agudo-miocardio (16/05/2010 às 18 horas);
⦁ GUYTON, Arthur C., Tratado de fisiologia médica – Tradução: Bárbara de Alencar Martins, Rio de Janeiro: Elsevier, 2006 – 11ª edição;
Autor:
Dr. Charles José da Silva – Psicólogo Clínico e Psicanalista – CRP: 05/47.134
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Parabéns pela excelente matéria. Tive infarto em 15/11/2018, e estou me sentindo depressivo e tinha duvidas se um evento podia ter relação com o outro. Agradeço a colaboração.